INTRODUÇÃO


Tudo começou lá pelos idos de 1989, onde eu lecionava matemática em uma escola de 2° grau. Era uma sexta-feira e os dois últimos períodos da noite sempre eram de matemática, física ou português, pois se colocassem outras disciplinas não ficava ninguém. Numa das aulas, em um intervalo, um aluno meu indagou-me sobre o que eu sabia de patentes. Prontamente respondi o que se aprendia na engenharia: o básico do assunto. O aluno me disse: “serve”. Ele trabalhava como vendedor em uma empresa do ramo, captando clientes que necessitassem do serviço em marcas e patentes. Convidou-me para conhecer a empresa e conversando com seu titular acabei aceitando o trabalho de redator em patentes. Gostei do assunto e dediquei-me: cursos, legislação, técnicas de redação e outras necessidades. Quando terminei e engenharia, eu e minha futura esposa, resolvemos montar uma empresa especializada no assunto. Ela ficaria com o administrativo (para o bem de todos, pois eu não sei nem pedir cheque em banco) e eu ficaria com a parte de patentes. Depois de duas décadas nesse trabalho e milhares de patentes redigidas, veio a ideia de selecionar as mais originais e publicá-las numa espécie de anedotário. O objetivo é mostrar a grande criatividade do brasileiro, que não deixa desejar a nenhum outro povo, além de divulgar o trabalho de marcas e patentes de um modo menos sisudo. Todas as patentes que foram citadas nesses contos já estão em domínio público. Os nomes dos inventores foram mudados para garantir privacidade e o meu pescoço. Minha esposa não quis aparecer e me ameaçou com direitos autorais caso divulgasse seu nome sem autorização.
Espero que apreciem essas pequenas histórias.

Escolha o assunto ao lado, em "Marcadores" e, divirta-se!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

ANTIPARASITAS

O dispositivo antiparasitas

— É possível de se patentear um objeto de uso comum? — perguntou a queima roupa o sujeito do outro lado da linha.
— Depende? — respondi à pergunta.
— Depende de quê?
— Você fez alguma melhoria nesse objeto?
— Fiz sim! — respondeu. O produto vai eliminar um grande problema de saúde, principalmente entre os adolescentes.
— Você pode me dizer qual melhoria?...Desculpe-me, começamos a conversar e não nos apresentamos: meu nome é Felippe e o seu?
— Antonelo.
— Pois bem Antonelo, estávamos conversando e eu não sei que produto é e qual a melhoria que você fez.
— É um dispositivo para eliminar parasitas e a melhoria propicia eliminar essa infestação de modo muito mais rápido.
— Isso é muito bom! — enfatizei, mas que tipo de objeto estamos falando?
— Ah! — exclamou. É um dispositivo catador.
— Catador do quê
— De parasitas.
Com essa resposta já deu pra sentir que tinha em mãos uma grande invenção, pois, normalmente, quando o inventor começa com rodeios o negócio é dos bons.
— Antonelo! — exclamei e já engatei uma pergunta: você pode ou não me dizer o que é essa invenção? Eu não tenho como te ajudar se não souber o que é.
— É um pente fino! — disse exultante o inventor.
Afundei-me na cadeira e fiquei uns segundos em silêncio. Isso é importante às vezes para acolherar as idéias.
— Mas Antonelo, minha avó já usava esse tipo de pente para caçar os piolhos da molecada — respondi ao inventor. E nisso já se vão uns cinquenta anos.
— Sei disso! — respondeu o inventor — mas não se trata de piolho de cabeça.
— Você está pensando em pentear chatos? — perguntei para ele. Podia começar com você mesmo (essa parte eu só pensei).
— É.
— Tchê! — exclamei. Não sou médico, mas o pente fino que você usa na cabeça pode ser usado para eliminar o chato também. Pega um pano branco e fica passando o tempo penteando...coloca pro lado, penteia, coloca pro outro, penteia, e assim vai. Não precisa patente para isso, já está em domínio público. Mas no início de nossa conversa você disse que tinha feito uma melhoria no pente. Qual foi? — perguntei ao Antonelo.
— No pente que eu inventei tem um espaço retangular para colocar o nome.
— Nome? Nome do quê? — perguntei.
— Nome do usuário do pente — respondeu o inventor.
— Mas para que você vai querer colocar o seu nome em um pente para catar piolhos?
— Para ninguém mais usar o pente, além do dono é claro, isso diminui a infestação.
Com uma lógica dessas não há argumentação.
— Isso dá ou não patente? — perguntou Antonelo.
* * *

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